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Foto do escritorIvan Borgonovo

África do Sul Fascinante (parte 1)

Joanesburgo, Kruger National Park, Rota Panorâmica, e muito mais. Embarque nessa aventura que começou no lado leste da África do Sul.


Dia 1 - Joanesburgo


A viagem começou turbulenta, voamos de TAAG para a África do Sul - uma companhia Angolana - e a experiência não foi das melhores, o preço até que é bom, mas o atendimento e qualidade deixam bastante a desejar.


Chegamos em Joanesburgo próximo ao meio dia, retiramos um carro alugado no aeroporto com a empresa Avis. O carro era ótimo, mas aí já vai a primeira dica - fique atento as empresas de alugueis de carro, eles quase sempre vão querer lhe empurrar um "algo mais", no nosso caso quiseram forçar um seguro extra (bem caro por sinal) e que não era obrigatório, afinal você já sai de lá com um seguro básico pro seu veículo. Depois de muito negociarmos tive que mostrar nossa reserva feita no Brasil (impressa) pois a Avis queria nos passar outro valor pelo aluguel (o câmbio da moeda local também é importante você já chegar lá sabendo).

É bem provável que você alugue um carro na África do Sul, a maioria dos turistas faz. Os locais são distantes, você aprecia melhor a paisagem, e o transporte público por lá é quase tão falho quanto o nosso.

Primeira parte divertida da história: na África do Sul se pilota no lado direito do carro, logo as vias também são invertidas (conhecida por nós como mão inglesa). Prepare-se pra sair numa autopista de pelo menos 4 vias, tendo que dirigir numa boa velocidade (100km/h) do lado inverso, dando pisca pro lado contrário e tudo mais... Ah, e vale a pena alugar um carro automático, afinal você não vai querer trocar de marcha com a mão esquerda e dar sinal com a direita, não é?


O primeiro dia foi mais tranquilo, reservamos uma Guest House. Muitas das acomodações na África do Sul são desta forma, parecido com um Airbnb. São casas em que o dono faz uma reforma, divide em suítes privadas e você é bem servido, com café da manhã, serviço de quarto e os demais serviços oferecidos por um hotel normal. É legal, aconchegante, e divertido pois você interage muito mais com as pessoas, principalmente com o dono que quase sempre mora no local mesmo.


Englewold Manor Guest House - primeira acomodação em Johannesburgo

Após fazer check in e acomodar nossas coisas em casa, fomos fazer um passeio leve no Jardim Botânico de Joanesburgo. O local é bem simples, sem muitas belezas excepcionais, no entanto, exala tranquilidade. Vários moradores locais levam seus animais de estimação pra passear e se divertirem o que acaba tornando o local ainda mais descontraído. Deu pra dar uma relaxada, soltar a musculatura e se preparar pros dias seguintes.



Dia 2 - Kruger National Park


Segundo dia acordamos cedo e era Valentine's Day. Como só a gente estava hospedado na guest house aquele dia, o café da manhã foi bem romântico, tudo preparado com carinho para aquele dia especial. Seguimos viagem em direção ao Kruger Park (região dos Safáris). Foram mais de 5 horas de viagem pela N12, pistas em geral muito boas, e após pouco mais de 450km e alguns macacos pela pista chegamos ao Tshukudu Game Lodge (nosso lodge de safári) que fica na cidade de Hoedspruit, uma das cidades que engloba o grande complexo do Kruger National Park.



Chegamos encima do horário do almoço e já estava sendo servido à todos os hóspedes. Aproveitamos pra comer um pouco, porque confesso, a comida não era nada boa.

A maioria dos lodges na região dos sáfaris são em sistema all inclusive - com todas as refeições inclusas, afinal não há nada muito perto pra você ir se alimentar. Pelo contrário, se afastando talvez você seja o alimento (brincadeira tá, é bem seguro).
Altamente recomendo: você reservar um lodge privado, isto é, você fará os safáris numa reserva fechada, é gigante, você não conseguirá ver tudo, mas a chance de você ver mais animais é maior que simplesmente você adentrar no Kruger (com área aproximada de 20.000km2) e querer achar um bixano.

Após o almoço partimos para o primeiro safári de nossas vidas. O safári da tarde era de carro (aberto), um toyota adaptado, fomos em 10 turistas mais o Ranger (motorista de safári) responsável, que se chamava Chris e conhecia muitooo da região. Foram mais 4 carros, e é interessante que eles se comunicam entre si via rádio, ou seja, quando um acha um animal logo comunica os outros também. O primeiro animal que encontramos foi o Rinoceronte, um dos Big Five.


Você vai ouvir falar muito dos Big Five, são os 5 animais mais difíceis de se caçar e encontrar, e por isso os mais desejados para serem vistos. São eles: Leão, Leopardo, Rinoceronte, Búfalo e Elefante. São um símbolo da África do Sul.

Os rinocerontes aparecerem ainda muitas vezes e são muito lindos, grandiosos e amigáveis. Voltamos da África do Sul apaixonado por eles. O próximo Big Five foi o Elefante:



Já estava muito divertido, e em pouco tempo já tínhamos encontrado 2 dos Big Five, um pouco mais de procura e olhares atentos encontramos o terceiro: o Búfalo.



Em seguida encontramos uma série de outros animais... Cudos (uma espécia de antílope) - muito encontrados em toda a África, muitas Zebras - bem ariscas, várias Girafas - que apesar do tamanho não é um big five, Antas - que teimaram em não sair da água, além de impalas, cachorros do mato, e vários outros.



Pra finalizar com chave de ouro encontramos o animal mais esperado por todos do Safári, o mais difícil de todos de ser encontrado, tanto por sua pequena população, quanto por ser um animal que normalmente se alimenta e hiberna durante alguns dias em locais escondidos e arejados para guardar energia: o Leão. O rei da selva é realmente difícil de ser encontrado, tem poucos deles, e eles são bem solitários. Com exceção de um santuário de Leões que visitamos no nosso último dia de viagem, esta foi a primeira e única vez que conseguimos avistar um leão em liberdade. Que encontro!


Encerramos assim nosso primeiro dia de safári. Foi simplesmente uma experiência fantástica, recomendo a qualquer pessoa. É muito legal você ter a oportunidade de ver esses animais tão pertinho. E o melhor de tudo, em seu habitat natural, convivendo normalmente, sem influência do homem. O que magoa mesmo é a falta de água. Quase todas as fontes de água estavam praticamente se esgotando. Várias leitos de rios estavam secos, o cenário é desafiador pra estes animais, sabemos que eles dependem de água em abundância para sobreviverem.


Dia 3 - Thsukudu Game Lodge


No dia seguinte, acordamos bem cedo, pois as 6 horas tínhamos um Bush Walk (caminhada de mata) a ser realizado pelo nosso lodge, dessa vez o safári era a pé. Aí você pensa: tá maluco! Se meter no meio desses bichos. Calma! Os rangers são bem treinados e levam você apenas em áreas digamos que "seguras", é claro que você precisa seguir regras, e os guias são bem treinados para eventuais problemas, mas dá pra encarar com confiança.


Também com o ranger Chris, encontramos logo de cara uma família de rinocerontes, e foi possível chegar bem perto deles, mesmo a pé. É preciso ser bem silencioso pois eles se afastam quando se sentem acuados. Logo em seguida encontramos dois Guepardos. Estes dois felinos são "dóceis" com os humanos, isso porque, eles foram resgatados de maus tratos pelo lodge, bem recuperados, e hoje vivem livremente pela mata na reserva.



Durante a caminhada ainda tivemos a oportunidade de conhecer mais sobre a flora da região, diversas curiosidades dos animais, como por exemplo: saber que o Amarula é uma fruta, que fica no topo das árvores. Os elefantes amam essa frutinha (lembrou da garrafa de Amarula agora né?) e batem nas árvores pra elas caírem no chão e puderem comê-las. Após comer, essa frutinha fica um bom tempo no sistema digestivo deles, o que acaba fermentando, o próximo passo é os elefantes ficaram bem "doidões" e curtirem um barato. Outro motivo pra eles adorarem essa frutinha.


Na tarde e manhã seguinte fizemos novos safáris, dessa vez com outro ranger, mas nada de diferente, além de termos pego chuva num momento. No entanto, recomendo fazerem pelo menos dois dias de safári, pois no segundo dia vimos bem poucos animais, e conhecemos turistas (ao contrário de nós) que ficaram apenas este dia e saíram de lá bem decepcionados.


Dia 4 - Rota Panorâmica


A volta do Kruger à Joanesburgo foi feita pela conhecida Rota Panorâmica (Panoramic Route). Essa rota é muito conhecida pelas suas belas paisagens, grandes canyons e cachoeiras belíssimas. A primeira parada foi no Three Rondavels:




Em seguida, nossa segunda parada foi no Bourke's Luck Potholes. Um lugar belíssimo, com canyons, belíssimas quedas d'água, riachos, além de possuir uma grande estrutura para turistas com lojinhas, restaurante e locais para piquenique.



As cachoeiras também são um espetáculo a parte, e escolhemos parar em Lisbon Falls, essa cachoeira tem uma queda de aproximadamente 92 metros de altura. O cenário é de tirar o fôlego:



Por fim, fizemos uma parada em Graskop, uma cidadezinha bem legal, pequena e divertida, conhecida por suas panquecas, paramos pra almoçar no Harrie's Pancakes, pois Graskop apesar de pacata tinha seus restaurantes bastante movimentados. Comemos 2 panquecas sensacionais e seguimos viagem de volta a Joanesburgo.



Chegamos a tarde em Joanesburgo e nos hospedamos no hotel Radisson Blu Gautrain. Ponto alto de estadia, foi um excelente hotel, ótima localização, quartos e atendimento muito bons. Localizado há alguns metros do principal ponto turístico de Joanesburgo a Nelson Mandela Square - uma praça com alguns barzinhos, restaurantes, uma fonte de água e um shopping enorme a rodeia.


Recebemos uma indicação e fomos jantar no The Butcher Shop & Grill na Mandela Square, um restaurante/açougue que serve carnes exóticas. Fizemos uma bela refeição, carne bovina é um alimento que os africanos adoram. Confesso que o preço não é lá tão barato, mas é recompensável.



Dia 5 - Joanesburgo


Logo cedo fomos ao Museu do Apartheid, atração que eu diria a você não deixar de fora do seu roteiro caso tenha poucos dias em Joanesburgo. Não é um parque de diversões onde você vai se divertir e encontrar diversas atrações. Bem pelo contrário, é um local de muita história e reflexão. Logo na entrada você já entra no clima percebendo que há duas entradas no museu, uma para negros e outra para brancos - simbolizando dessa forma como era antigamente no Apartheid quando as raças eram separadas obrigatoriamente.


Tem muita história envolvida. É claro que, é tudo em inglês, mas mesmo você não sendo fluente na língua inglesa vai conseguir entender bastante coisa, e os pontos principais da história. Vai sair de lá convicto de que Nelson Mandela é realmente um guerreiro e merece todo esse respeito dos sul-africanos.


Os brancos e negros eram totalmente separados. A elite branca que liderava o país criou cidades fora das áreas urbanas para os negros morarem e viverem, foram construídas casas populares, pequenas e que abrigavam até 12 pessoas. Estes distritos eram chamados de townships, e Nelson Mandela nasceu numa delas, conhecida por Soweto.


E nosso próximo passeio era justamente por lá. A empresa Lebo's Soweto (que tem um hostel no distrito) é responsável por um tour de bike - com duração de 2 ou 4 horas - e sai diariamente da entrada do hostel em Soweto. Compramos o tour de 2 horas que partia as 13h. Antes do passeio ainda está incluso um almoço típico da região. Fomos num comboio de umas 15 pessoas guiados por um profissional que é morador local. E foi uma experiência única, ponto alto da nossa viagem, indicamos muito a todos que querem sentir o que é a África do Sul na sua melhor essência.


O povo é muito acolhedor, todos olham pra você e te respeitam, não precisa ter medo não, é um local bem tranquilo, é claro que, assim como em qualquer metrópole no mundo você precisa ficar atento com seus objetos pessoais. O passeio não cansa, pois apesar da duração tem vários momentos de paradas para descanso e explicações.



Esse passeio te proporciona momentos indescritíveis, você sente uma sensação de paz quando está lá. Sente que todo problema que você enfrenta na sua casa, no seu trabalho, não chega aos pés do sofrimento que esse povo teve e ainda tem. Mas a simpatia e alegria contagiante que Todos eles tem te fazem perceber que você precisa dar valor ao principal: sua vida.

Faça o famoso Hi-Five - que é um cumprimento aos locais, as crianças adoram. Além de outros cumprimentos como o Sani Bonani (ou algo parecido)...

No final do passeio, ainda é possível visitar a casa onde nasceu e viveu Nelson Mandela. Nós não entramos, pois tinha uma apresentação artística na frente da casa organizado por um grupo local que era muito legal, e não conseguimos tirar o olho. Quando decidimos entrar na casa já era hora de partir. Mas sem problemas, tenho certeza que aproveitamos bem mais assim.


Pra finalizar o dia fomos ao FNB Stadium, assistir a um jogo de futebol - afinal não podíamos passar sem essa. Esse estádio foi palco do jogo do Brasil na copa de 2010 contra a Costa do Marfim, e também palco da final da copa deste mesmo ano entre Espanha x Holanda. Foi bem divertido, o jogo que fomos assistir era pelo campeonato nacional entre Joanesburgo x Cape Town. A festa da torcida e o barulho das vuvuzelas é um espetáculo à parte.


E assim finalizamos nossa primeira parte na África do Sul... O roteiro continua por Port Elizabeth, Garden Route e Cape Town, não vai perder esse no próximo post.


Alguns valores:

  • Aluguel do carro - Mercedes Benz classe C - R$ 845,72 (total de 5 dias)

  • Combustível total utilizado - R$ 307,69

  • Diária no Tshukudu (hotel de safári) - R$ 1.115,00

  • Entrada Three Rondavels - 25 rands (por pessoa)

  • Entrada Bourke's Luck Potholes - 60 rands (por pessoa)

  • Entrada Lisbon Falls - 10 rands (por pessoa)

  • Entrada Museu do Apartheid - 85 rands (por pessoa)

  • Passeio de Bike em Soweto - 510 rands (por pessoa)

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